NARRATIVA DA HISTÓRIA
Ciência ou
Literatura?[1]
“A narrativa histórica implora por uma unidade entre
passado, presente e futuro, na tentativa constante de instaurar ordens ao caos”
Autor Desconhecido
Paulo Ricardo Pimenta da Cruz
(Graduado em Licenciatura em História na UEG, Campus Jussara – Currículo Lattes: lattes.cnpq.br/3282710796114586)
(Graduado em Licenciatura em História na UEG, Campus Jussara – Currículo Lattes: lattes.cnpq.br/3282710796114586)
Introdução
Existem
muitos pesquisadores que se ocupam da teoria da história para discutirem se a
História é ou não é uma ciência. Outros simplesmente ignoram essa discussão.
Estudos apontam que diversos intelectuais ao se submeterem ao processo de
construção da Historia, tem apresentado suas pesquisas tentando trazer
respostas a estas indagações.
Dentre
esses intelectuais, a princípio convém trabalhar com Arthur Assis, Durval Muniz
e Jörn Rüsen, pois são pesquisadores de grande importância dentro do assunto que
neste texto se pretende discutir.
No
caso, em relação a Arthur Assis, bacharel licenciado em História pela
Universidade Federal de Goiás, professor de teoria e metodologia na
Universidade de Brasília, que concluiu seu pós-doutorado em 2009, pode-se dizer
que tem vários textos publicados, entre eles, “A teoria da história de
Jörn Rüsen: uma introdução”, que tem como objetivo o estudo da teoria da
história proposta por Jörn Rüsen.
Segundo
Assis, o pesquisador Droysen do século XIX teve forte influência na formação
intelectual de Rüsen, precisamente porque almejava uma especialidade para a
História, visto que a mesma precisava de um método capaz de ser aplicado na
cognição empírica: “compreensão mediante pesquisa distanciando-a da filosofia”
(ASSIS, 2010, p. 09).
Sabe-se
que entre 1900 a 1940 tem surgido intensificadamente vários métodos e teorias
da história que são diferentes das apresentadas por Droysen no século XIX.
Mediante essas mudanças, segundo Assis, Rüsen apresenta como que atualizações
da teoria de Droysen, construindo o conceito “matriz disciplina da ciência
histórica” visando responder a essas transformações, como a ampliação dos
objetos de estudo da História sem a protagonização do Estado e a virada
linguística caracterizada pela crítica aos positivistas (objetivismo) sendo
isso, um importante esclarecimento argumentativo por parte de Assis em relação
à postura intelectual de Rüsen.
Ao
fazer a leitura do próprio texto “Razão Histórica” de Rüsen,
percebe-se que o mesmo possui domínio do argumento que utiliza, pois defende
que a história é uma ciência. Rüsen traz várias contribuições para a construção
do pensamento histórico, além disso, ele elenca discussões acerca da
consciência histórica e a importância da narrativa na sua formação.
Segundo
Rüsen, a história seria uma forma particular de construir o pensamento
histórico, ou seja, por meio dela, aspectos genéricos e elementares da vida
humana ganham sentido. O pensamento histórico seria analisar sistematicamente
como acontece essa relação entre esses aspectos e como eles se
auto-interpretam, pois se tratando de ações humanas, é considerável destacar
que a mesma é efetivada visando uma finalidade, uma intenção.
Já
Durval Muniz, em seu texto “História – a arte de inventar o passado” traz
outros argumentos diferentes sobre a concepção de história. Para ele, o termo
“invenção” é um grande conceito a ser desenvolvido teoricamente. Durval faz uma
importante problematização acerca do trabalho do historiador quando propõe a
ideia de que na narrativa pode haver momentos de ruptura, censura, ou de
inauguração de algo antes não mencionado, pois “[...] a história é viagem que
conecta e mistura tempos e espaços, que interpenetram coisas e representações,
realidade e discurso, razões e sentimentos, matéria e sonho [...]” (ALBUQUERQUE
JR, 2007, p. 29).
Narrativa
da História
Segundo
Assis, Rüsen da muita importância à forma de narrativa, ou seja: a forma como o
texto é estruturado, pois segundo ele, a narrativa histórica e diferente da
literária, devido possuir certa especificidade em produzir ou identificar[2]
o sentido das ações humanas, vinculadas a experiências e ao cotidiano,
mostrando que existe relação entre escrever e pesquisar. Para tal, ele relata
seus cinco princípios: carências de orientação, perspectivas diretoras da
interpretação histórica da experiência do passado, métodos de pesquisa
empírica, formas de apresentação e funções de orientação, procurando
explicá-las de forma separadas, porém interligadas, mostrando que na
representação narrativa orientada existe uma continuidade temporal.
Segundo
Assis, Rüsen diz que as motivações desencadeiam pesquisas capazes de orientar a
vida prática por meio da extração de sentido das ações passadas: experiências,
que sendo aplicadas a vida cotidiana, possibilitam o despertar de uma
identidade. Essas pesquisas não são totalmente objetivas, possuindo tendências
ao subjetivismo. Com isso, nas narrativas orientadas é possível perceber como
acontece essa relação do produtor com sua produção em relação ao seu tempo.
Essa orientação ocorre por meio da produção de conhecimento vinculada a
critérios de verdade da ciência histórica para ter validação. A função da
orientação seria percebida pelo fato do conhecimento estar sempre em mudanças,
assim conhecê-lo permitira o individuo assumir uma postura. Fica claro uma
preocupação em relação ao balanceamento entre objetividade e subjetividade e
suas implicâncias na orientação da vida corrente.
Analisar
categorias e conceitos dentro do pensamento histórico constitui fator de grande
peso informativo devido possibilitar a compreensão ou interpretação do passado,
ora com características gerais, ora com feições peculiares por indicarem fluxo
temporal inter-relacionadas entre si. Para tal, precisam se apropriar de um
método, que de acordo com Assis, Rüsen chama de “Método Histórico”.
Rüsen
apresenta três fases referentes ao método histórico, como a importância das
carências de orientação surgida no presente, pois são elas que norteiam a
pesquisa, juntamente com as perspectivas que direcionam o olhar do historiador
a tomar certa posição referente seu objeto de estudo e uma análise das
informações, fontes, tendo como base a “heurística,
crítica e interpretação”, ambas conectadas a historiografia. Além disso,
existe outra discussão relacionada á hermenêutica e a analítica em torno do
qual seria a melhor forma de se estudar o passado reconhecendo que o mesmo não
pode ser alcançado tal qual como aconteceu, no entanto, para Rüsen, as duas são
importantes por reforçarem a racionalidade.
Enquanto
a hermenêutica observa a construção de sentido das ações humanas e suas
possíveis interpretações do passado, a analítica busca entender onde e quando
se forma as conexões de efeito do agir humano com circunstancias exterior, no
entanto, Rüsen apresenta uma terceira alternativa: a dialética, pois
possibilita relacioná-las. Rüsen dá primazia para a hermenêutica, pois por meio
dela é possível promover uma espécie de diálogo na pesquisa histórica entre as
possíveis carências e intenções do agir e sofrer humano em se tratando de
experiência humana.
Segundo
Rüsen, a História é uma área disciplinar específica dentro do amplo campo do
saber. A História constitui-se um pensamento histórico em particular, pois
sofre uma forte tensão entre as experiências e intenções do homem no tempo. Por
ser um campo do saber, e possuir seu próprio campo teórico-metodológico, esta
por sua vez, carrega em si mesma a sua própria historicidade, sua própria
razão, sendo responsável pela construção da consciência histórica.
Para
Rüsen, a História é capaz de orientar a vida prática do homem. Essa orientação
aconteceria por meio da narrativa histórica que traz o sentido de continuidade,
que por sua vez, precisa rigorosamente possuir validade científica, controle
metódico e veracidade. Por meio dos argumentos de Rüsen, percebe-se que a
história se tornou parte do objeto da História, ou seja, a narrativa entrou em
discussão.
Mas
o que seria a narrativa? Segundo Rüsen, a narrativa é uma prática
interpretativa da experiência temporal. De acordo com Rüsen:
o pensamento histórico, em todas as suas formas e
versões, está condicionado por um determinado procedimento mental de o homem
interpretar a si mesmo e a seu mundo: a narrativa de uma história. Narrar é uma
prática cultural de interpretação do tempo, antropologicamente universal. A
plenitude do passado cujo tornar-se presente se deve a uma atividade
intelectual a que chamamos de “história” pode ser caracterizada,
categorialmente, como narrativa. A “história” como passado tornado presente
assume, por princípio, a forma de uma narrativa. O pensamento histórico
obedece, pois, igualmente por princípio, à lógica da narrativa (RÜSEN, 2010,
p. 149).
Certamente
a narrativa da história pode ser abordada como um modelo teórico explicativo,
ou seja, como um paradigma dentro deste campo disciplinar que lida com a
construção do pensamento histórico. Além disso, por meio do estudo sobre a
narrativa da história, o historiador consegue compreender o processo empregado
na construção do pensamento histórico, e da própria noção do tempo e de
ciência.
Sabe-se
que a narrativa é uma prática cultural interpretativa da experiência temporal.
É o mecanismo utilizado para produzir história. Para Rüsen, a narrativa tem um
papel muito importante, pois ela pode orientar a vida prática porque ela lida
com o pragmatismo, ou seja, com as operações mentais cotidianas, como por
exemplo, atos de fala, entre outros. O discurso é uma das formas de narrativa,
por exemplo, existe um livro “Análise de Discurso – princípios e procedimentos”
de Eni P. Orlandi, publicado em 2007, que trás uma análise profunda do
discurso, mas esta reflexão por se tratar de um debate muito amplo e complexo poderá
ser abordada em outro trabalho. Este livro pode ser consultado por todos
aqueles que desejam aprofundar seu conhecimento sobre a composição do discurso
histórico, algo que certamente facilitará compreender o que Rüsen denomina de
“atos de fala”.
É
interessante observar que a narrativa é uma construção cultural da experiência
humana, ou seja, a forma como ela acontece possui suas peculiaridades em cada
sociedade, em cada tempo. É importante observar que para compreender a
narrativa é necessário estudar o tempo em que ela foi construída, mas o que
seria o tempo?
Santo
Agostinho disse: -“Se não me fizer a pergunta eu sei, se quiser explicar, para
quem me perguntar já não sei”. Falar sobre o tempo é algo bastante complicado,
mas com base nos argumentos de Rüsen, sabe-se que o tempo é algo mais amplo,
não podendo ser marcado pelo relógio, porque não existe sistema de medição para
ele. O relógio marca um tempo construído pelo homem, um tempo que envolve a
percepção do movimento, mas antes do homem existir já existia um tempo anterior
que perpassa a existência humana, ou seja, mesmo que o homem não tenha ciência
da existência do tempo, o mesmo existe.
O
que seria o tempo? O tempo é o tudo, ou pelo menos um conceito geral, do qual
todos os tempos se originam. O tempo é um fluxo, contínuo, infinito,
construtor, destruidor, além disso, também pode ser visto como o impedimento do
agir humano. Compreender isso é algo muito importante, pois o tempo influencia
a concepção de narrativa. O tempo histórico que Rüsen aborda em seu texto seria
como que uma derivação, uma especificação ou fragmentação do tempo geral, além
disso, existe aquela concepção de tempo natural que seria aquele que sofre
perturbação nos seus processos, ex. morte, ligado ao tempo vivido, cronológico.
Já o tempo humano perpassa a existência de uma vida humana, ou seja, seria o
tempo das ações humanas que perpassam a existência do próprio homem, tempo da
consciência, no qual se encontra os vestígios e rastros da humanidade.
Como
a História, enquanto disciplina, se ocupa da história da humanidade[3]
para orientar a sua vida prática, e é capaz de lidar com o tempo, a mesma
deverá possuir uma narrativa que tenha critério de validade, veracidade, e
confiabilidade. A mesma precisa possuir métodos, estética, uma forma diferente,
ela precisa ser científica, ou seja, não pode perder de vista sua
racionalidade, sua coesão interna. Sabe-se que para:
a narrativa histórica é decisivo, por conseguinte, que
sua constituição de sentido se vincule à experiência do tempo de maneira que o
passado possa tornar-se presente no quadro cultural de orientação da vida
prática contemporânea. Ao tornar-se presente, o passado adquire o estatuto de
“história”. Retomando a famosa expressão de Johann Gustav Droysen, pode-se
dizer que a narrativa histórica “faz”, dos feitos do passado, a história do
presente (RÜSEN, 2010, p. 155).
Narrar para Rüsen seria “proceder metodicamente ao
rememorar o passado humano a fim de orientar o agir e o sofrer no tempo
presente”. (RÜSEN, 2010, p. 99). Assim, o ato de narrar não pode ser visto como
uma mera prática linguística, porque ela é construída visando a constituição de
sentido. De acordo com Rüsen,
“ciência” é entendida, aqui, no sentido mais amplo do
termo, como a suma das operações intelectuais reguladas metodicamente, mediante
as quais se pode obter conhecimento com pretensões seguras de validade. O
pensamento histórico-científico distingue-se das demais formas do pensamento
histórico não pelo fato de que pode
pretender à verdade, mas pelo modo como reivindica a verdade, ou seja, por sua
regulação metódica (RÜSEN, 2010, p. 97. Grifos
do autor).
Em si tratando de ciência da
história, percebe-se que Rüsen a considera uma:
“forma peculiar do pensamento histórico, deve ser
entendida, praticada e fundamentada a partir dos pressupostos e das condições
de seu mundo existencial, e não interpretada como isolada e independente dele
[...]. A cientificidade da ciência da história deve ser estabelecida e descrita
justamente no que tem de peculiar, que produz o constructo significativo
chamado “história”. [...] Por esse motivo, a abordagem da cientificidade da
ciência [...] tem de ser precedida pelo exame da base existencial dessa
ciência (RÜSEN, 2010, p. 96).
É
interessante notar que Rüsen trata a disciplina de história como sendo uma
ciência. Sendo assim, o historiador seria um cientista que lida com as ações
dos homens no tempo, mas existem outros pesquisadores que não compartilham da
mesma ideia rüseana. É o caso de Durval Muniz de Albuquerque Jr.
Para
Muniz, a “história possui objetos e sujeitos porque os fabrica, inventa-os, assim como o rio inventa
seu curso e suas margens ao passar” (ALBUQUERQUE JR, 2007, p. 29. Grifo meu). Durval expõe no seu texto
um novo conceito: invenção. O mesmo é muito importante para o ofício do
historiador, pois em se tratando de narrativa, algo “inventado” ou “novo”
dependendo do seu grau de veracidade e de suas pretensões de verdade, pode
indicar a sua falsidade ou o preenchimento de alguma lacuna do conhecimento.
É
interessante observar os argumentos de Durval Muniz porque ele transpõe uma
nova forma de pesar historicamente o passado e apropria noção de história. Para
Durval o “termo invenção, portanto, também remete a uma dada ruptura, a uma
dada censura ou a um momento inaugural de alguma prática, de algum costume, de
alguma concepção, de evento humano”. (ALBUQUERQUE JR, 2007, p. 20).
Durval
busca demonstrar que o historiador é capaz de trazer algo novo, uma
contribuição diferente. Mas em si tratando de um evento histórico, até que
ponto a narrativa do historiador pode ter sido inventada? Uma das principais
diferenças entre Rüsen e Durval reside na concepção da narrativa.
Enquanto
para Rüsen, a narrativa histórica está ligada a ideia de ciência da história. É
uma prática cultural de interpretação das ações do homem no tempo, que precisa
possuir métodos e veracidade de seus argumentos; para Durval a narrativa é um
procedimento utilizado pelo historiador, de forma que possa se aproximar de uma
dimensão ficcional, poética e metafórica.
O
conceito que Durval aborda: “invenção”, traz um sentido de descontinuidade da
produção histórica. Isso se contrapõe aos argumentos rüseanos, pois a narrativa
histórica, para Rüsen, precisa ter uma continuidade, pois tem a função de
orientar a vida prática.
Enquanto
para Rüsen a história é uma ciência, porque possui razão história medida pelos
critérios de verdades, fazendo do historiador um cientista; para Durval a
história “inventada” pode ser ficcional, metafórica, o que indica que a
história para ele é apenas uma prática cultural que vai de encontro com as
transformações políticas, não sendo necessariamente uma ciência.
Durval
também trabalha com as concepções de tempo, para ele:
escrever história é também medir temporalidades,
exercer a atividade de tradução entre naturezas, sociedades e culturas de
tempos distintos [...] o historiador tem a tarefa de construir com sua
narrativa uma canoa que possa mediar, fazer se tocar as margens do passado e do
futuro [...] ao invés de ser um profissional que fica preso ao passado, que
remói suas lembranças, que fica ancorado à margem da memória e da tradição, o
historiador é alguém que tem a tarefa de se descolar desta memória
cristalizada, de fazer com que esta retorne ao fluxo temporal, que se liquefaça
para que novamente possa correr na direção do futuro. [...] vivemos uma época
em que apeamos da canoa daquela historiografia que era escrita em nome de um
futuro, que despreza o presente (ALBUQUERQUE JR, 2007, p. 33).
Conclusão
Além
dos autores mencionados, existem muitos outros que se ocupam da teoria da
história. Responder a pergunta do título deste trabalho: Narrativa da história.
Ciência ou literatura?, trata-se de um debate crítico que há muito vem sendo
prolongado. Como foi visto, para Rüsen a história é uma ciência; já para Durval
a mesma pode ser uma literatura. A diferença entre os autores está, em parte,
centrada na sua concepção de narrativa, no qual para um ela precisa ser metódica
com rigoroso critério de veracidade, já para o outro a mesma pode significar
ruptura da continuidade, pode ser uma história inventada, metafórica. Se a
história é ciência ou não, acredito que cabe:
ao historiador, profissional do presente e não do passado,
como dizia Bloch, construir em suas narrativas a medição entre tempos e
diferenciar, como dizia Kant, o que é atual, o que é próprio do nosso tempo, do
que é apenas contemporâneo, o que está do nosso lado, mas vem de outros tempos,
e talvez intuir, abrir a possibilidade de horizontes outros para o futuro (ALBUQUERQUE JR, 2007, p. 33).
Enfim,
cabe ressaltar que a verdade nunca é alcançada em História, nem por isso, a
história é mentira, ou seja, não é possível determinar a origem de um fato
histórico, apenas seu limite epistemológico é encontrado, ou melhor, é
determinado pela comunidade científica dos historiadores. Segundo Durval:
exerço um ofício conforme regras que não são apenas
estabelecidas por mim, coerção do grupo, regras que se modificam com o tempo,
mas sorrio porque sei que, apesar de tudo isso, eu participo ativamente das
intenções que faço. Ao escrever história tenho atuado, agido, produzido fatos,
eventos com repercussões sociais e culturais. Sou, às vezes, como um rio, mero
objeto de fluxos, de processos, de relações que passam por mim (ALBUQUERQUE
JR, 2007, p.35).
Portanto,
a leitura de ambos os autores destacados nesse trabalho, possibilita a
compreensão panorâmica de várias noções nítidas e críticas no âmbito geral e
particular da formação do pensamento histórico, que podem sabiamente nortear o
trabalho do historiador, sendo de suma importância para a formação intelectual
de graduandos em história como também nas demais ciências históricas.
Cabe
ressaltar que este trabalho é uma pesquisa sobre alguns aspectos importantes
dentro da teoria da história, ou seja, ao trazer prévios esclarecimentos de
Rüsen por parte de Assis, e propor uma discussão entre Rüsen e Durval, na
verdade foi estabelecida uma discussão sobre os fundamentos da ciência
histórica, que há muito vem sendo fermentada por diversos intelectuais, ora
aprimorando, ora refutando ou reformulando seus aspectos no decorrer do tempo,
sendo por si só, um processo histórico carregado de sentido capaz de orientar a
vida prática por meio da construção do pensamento histórico. No entanto, o
presente trabalho está longe de apresentar uma verdade derradeira, até mesmo
porque a mesma não existe, ou seja, apenas foram trabalhados poucos elementos
se comparado a gama de conhecimento adquirido pelo campo disciplinar da
História ao longo do tempo.
Referência
Bibliográfica
ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de.
História: a arte de inventar o passado.
Ensaios de teoria da história. Bauru, SP: Edusc, 2007. p. 19-36.
ASSIS, Arthur. A teoria da História de Jörn Rüsen: uma
introdução. Goiânia: UFG. 2010.
ORLANDI, Eni P. Análise do discurso: princípios e
procedimentos. 7ª Ed. Campinas, SP: Pontes, 2007.
RÜSEN, Jörn. Razão Histórica: fundamentos da ciência
histórica / Jörn Rüsen; tradução de Estevão de Rezende Martins. – Brasília:
Editora Universidade de Brasília, 1ª reimpressão, 2010. p. 53-161.
[1] Este texto foi elaborado em 2014 para fins de avaliação parcial da disciplina de Teoria da
História II, do 3º ano do curso de Licenciatura em História, da Universidade
Estadual de Goiás, Campus Jussara – GO. Mantive sua originalidade.
[2] Produzir refere-se ao próprio trabalho dos historiadores e identificar relaciona-se a compreender algo que já esta dado, ambas as ações, seja o dado do passado como também as produções do presente são dotadas de sentido.
[3] Não me refiro a uma história antropocêntrica, no qual o homem aparece isolado do meio em que vive. Refiro-me a uma história biocêntrica, ou seja, que lide com as ações dos homens no tempo, mas que não ignore a influencia do seu meio natural.
[2] Produzir refere-se ao próprio trabalho dos historiadores e identificar relaciona-se a compreender algo que já esta dado, ambas as ações, seja o dado do passado como também as produções do presente são dotadas de sentido.
[3] Não me refiro a uma história antropocêntrica, no qual o homem aparece isolado do meio em que vive. Refiro-me a uma história biocêntrica, ou seja, que lide com as ações dos homens no tempo, mas que não ignore a influencia do seu meio natural.