quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Antes de simplesmente ler e acreditar que tudo é verdade, reflita.


Clio, musa da História 

Toda  história processada pela humanidade até a atualidade é repleta de parcialidade. Não existe discurso neutro. Por mais que o narrador busque métodos imparciais, ele automaticamente se debruça na parcialidade de seu tempo-espaço. 

O simples fato dele buscar tais meios já revela seu posicionamento político e teórico em relação ao ''fazer história'', porque ''toda ação humana é política'' (M. Certeau). Por isso, sempre questione. Há muitas versões para um mesmo paradigma histórico. 

Não resgatamos a verdade pois a mesma é pluralista e multifacetada, dependendo diretamente do lugar de fala do narrador. Antes de simplesmente ler e acreditar que tudo é verdade, reflita.


Compreender história é muito mais que recorda fatos históricos e decorar datas. A História é viva e muda todo dia porque quem a faz e registra é  o ser humano, ser maleável e  instável por suas crenças e valores socioculturais. 

O registro que temos das memórias e experiências revela muito mais sobre ele mesmo do que o próprio assunto a que se refere. O lugar do narrador deve ser compreendido antes de refletir sua obra, pois será ele quem certamente atribuirá sentido a todas informações concatenadas sistematicamente no seu trabalho. 

Existem erros e acertos nos relatos escritos ou orais, e só saberemos discernir-los com muito esforço, com pesquisa árdua e sobrecarregada, possuindo treinada visão crítica. O trabalho de um autor conta mais sobre ele mesmo do que a história propriamente dita, pois nele está toda sua hierárquica expressão processual. 

Compreender é descostruir a verdade revelada, rasgar o erro, intencional ou não e, trazer luz às omissões. Á verdade é sempre parcial.



Autor: Paulo Ricardo Pimenta da Cruz
Imagem: retirada do Google
Fonte de inspiração: Textos de Michel de Certeau; Marc Bloch; Jörn Rüsen.

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